segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Tarso Genro visitará Cotiporã na terça-feira após assalto com reféns


Terror na Serra31/12/2012 | 12h33


Governador visitará a fábrica assaltada, se encontrará com os reféns e participará de almoço com autoridades

O governador Tarso Genro deve aproveitar o primeiro dia de 2013 para celebrar uma das mais bem-sucedidas operações policiais organizadas durante sua gestão. O plano é visitar Cotiporã, na Serra, onde mais de 30 moradores foram feitos reféns por um bando de assaltantes. A quadrilha foi cercada pela Brigada Militar e três bandidos morreram em confronto — um deles era Elisandro Falcão, 31 anos, o criminoso mais procurado do Estado. Todos os reféns acabaram libertados pelos criminosos em fuga, após algumas horas de cativeiro.

Tarso deve viajar de avião até Nova Prata e depois, de carro, seguirá a Cotiporã. O plano é almoçar com uma família que ficou de refém durante 20 horas. Também estarão presentes, no almoço, o prefeito da cidade, o secretário estadual de Segurança, Airton Michels, e representantes da Brigada Militar.

Uma madrugada que ficará na memória dos Buratti

Família relata que assaltantes não foram agressivos, apenas pediam silêncio

Uma madrugada que ficará na memória dos Buratti  Caco Konzen/Agencia RBS
Religiosos, os Buratti retomam a rotina simples após serem arrancados de casa pelos bandidosFoto: Caco Konzen / Agencia RBS
Lara Ely, Cotiporã
Quando o patriarca da família Buratti ouviu o barulho na janela por volta das três da manhã, quis pegar a espingarda no armário e tocar bala nos bandidos. No auge dos 80 anos, Seu Librando foi impedido pela mulher e ficou quieto, só ouvindo os passos bruscos que se dirigiam para a casa do filho e vizinho de porta. Se tivesse seguido seu impulso, cogita, poderia ter evitado incomodação.
Em uma casa de material e dois pisos, Ademir, 49 anos, dormia tranquilo com a mulher Ivone, 51 anos, e as filhas Francieli, 23 anos, Michele, 21 anos, Laís, 20 anos, e Milene, 11 anos, e os genros William e Marciano. Acordados aos gritos quando dois homens negros de alta estatura e aproximadamente 50 anos invadiram a residência com um Astra, os Buratti foram arrancados de suas camas e jogados mato adentro pelos bandidos que fugiam da polícia.
— Isso depois dos assaltantes tomarem água gelada e comerem um pote inteiro de fermento de pão — relembra Ivone, aos risos, ainda um pouco assustada.
Ao saírem de casa, os Buratti, um genro (o outro conseguiu se esconder debaixo da cama) e os bandidos iniciaram, por volta das três da manhã de domingo, uma longa jornada pelo entorno da residência.
 
Ademir conta que os gritos dos bandidos acordaram a família
Foto: Caco Konzen, Especial
Essa foi a primeira vez que a família de agricultores passou por algum tipo de assalto ou sequestro. Até domingo, esse tipo de coisa eles só conheciam pela televisão. Mas o susto não foi suficiente para arrancar do rosto de Ademir o largo sorriso que expressa com facilidade. Talvez porque a ficha ainda não tenha caído, às 9h de segunda-feira, quando recebeu nossa equipe em casa.
Ou ainda porque o estilo de vida simples do agricultor, em contato com a terra e ao lado dos filhos, não permita pensar que o que aconteceu tenha sido por maldade. Apenas, uma história a mais para contar de 2012. Parece que é assim que o episódio será lembrado pela família, que tem a religiosidade como marca principal.
O impacto, apesar de forte, não mostrou-se tão negativo quando poderia ser. Prova disso é que os assaltantes-sequestradores acabaram conquistando uma certa empatia da parte da família.
Primeiro por um dos bandidos tirou o próprio colete para colocar na terceira filha. Segundo porque em nenhum momento foram agressivos, apenas pediam silêncio. Enfim, porque disseram que também tinham família, e o que mais queriam eram voltar para casa a salvos.
— Mas os bandidos também foram um pouco abusados — ironiza o agricultor, ao lembrar em que certo momento foi solicitado que ele e o genro transportassem as armas (descarregadas), e que os assaltantes faziam revezamento no cochilo — enquanto um vigiava, o outro dormia.
Quem ficou mais impactada com o susto foi a mulher, que apesar de gostar do local onde vive há mais de vinte anos, pensa em se mudar. Como a safra da uva se aproxima, e o marido transporta a produção do parreiral diariamente a noite para a empresa Tecnovin, nas redondezas, ela está com medo de ficar sozinha com a filha pequena.

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