sábado, 13 de outubro de 2012

Políticos gaúchos saem fortalecidos das urnas e devem influenciar rumos das próximas eleições no Estado


Nomes em ascensão13/10/2012 | 16h02 

Votações expressivas, capacidade de transferir prestígio e comando de projetos vitoriosos cacifaram seis políticos no cenário estadual


Projetados pela atuação política, consagrados pelas urnas, seis homens saíram fortalecidos das eleições municipais de 2012. Em diferentes estágios da vida pública, com pretensões diversas, membros de partidos distintos, eles se assemelham por terem colhido bons resultados na mais recente safra eleitoral, alimentando ambiciosos projetos de poder para as campanhas de 2014 e 2018.
Os casos mais notórios de fortalecimento estão atrelados às avassaladoras vitórias de José Fortunati (PDT), em Porto Alegre, e de Jairo Jorge (PT), em Canoas. Ainda no rol das lideranças de primeira grandeza, brilhou a popularidade de José Ivo Sartori (PMDB). Líder de um partido em crescimento, Beto Albuquerque (PSB) se afirmou. Na faixa dos emergentes, destaque para Alexandre Lindenmeyer (PT) e Marco Alba (PMDB).
Há mais de três décadas na política, Fortunati alcançou o auge. Com 65% dos votos, ele ingressou no grupo dos principais líderes gaúchos, aliando predicados como confiabilidade e carisma. Nos próximos anos, o plano é finalizar as obras da Copa e encerrar o mandato com o discurso afiado para disputar o Piratini em 2018. No PT, setores mais à esquerda torcem o nariz para Jairo Jorge. Porém, junto à população, o prefeito desfruta de respaldo. Com avanços na gestão da saúde e da segurança, Jairo obteve 71% dos votos no quarto maior colégio eleitoral. Também está fardado para concorrer ao Piratini em 2018.
Fechando oito anos à frente da prefeitura de Caxias do Sul com mais de 70% de aprovação, Sartori elegeu Alceu Barbosa Velho (PDT) como seu sucessor. Ex-deputado, ingressou no grupo das principais lideranças do PMDB, oxigenando um núcleo que, há anos, era integrado apenas por Pedro Simon, Germano Rigotto e José Fogaça. Hoje, ele é o mais citado pelos peemedebistas para concorrer ao Piratini em 2014.
Coordenador da campanha de Manuela D'Ávila (PC do B), Beto Albuquerque sofreu um baque em Porto Alegre. No entanto, o PSB pulou de 12 para 18 prefeituras, reelegeu Vicente Pires em Cachoeirinha e quase dobrou o número de vereadores, passando de 115 para 205. No plano nacional, o PSB também cresceu. Saiu fortalecida a base que trabalhará pela eleição de Beto ao Senado em 2014.
Responsável por quebrar a dinastia da família Branco em Rio Grande, Lindenmeyer comandará a prefeitura com o apoio da presidente Dilma Rousseff. Em suas mãos, o quarto maior PIB do Estado, que será multiplicado nos próximos anos pela expansão da indústria naval que avança no município.
Em Gravataí, o PT não conseguiu a quinta vitória consecutiva. Foi desbancado por Marco Alba. Deputado estadual e ex-secretário do governo Yeda Crusius, Alba ganhou força no PMDB, tirando espaço de velhos caciques.
União PMDB-PDT embaralha disputa
Embora hoje apenas duas candidaturas sejam mais previsíveis para a disputa pelo Piratini em 2014 — a do governador Tarso Genro (PT) e a da senadora Ana Amélia Lemos (PP) —, partidos tradicionais, como PMDB e PDT, poderão embaralhar o cenário apresentando nomes próprios ou uma chapa conjunta.
Registrando declínio nas votações nos últimos anos, o PMDB avalia que a candidatura própria é obrigação. O eventual apoio a outra sigla aceleraria o processo de encolhimento do partido. Sem candidaturas próprias, o risco é deixar de ser identificado pelo eleitor como alternativa de poder. Esse é o cenário que leva peemedebistas a comemorar a ascensão de José Ivo Sartori (PMDB). Ele é apontado como a principal alternativa da legenda ao Piratini. Com um partido forte lhe dando suporte, poderá viabilizar uma terceira via competitiva, capaz de furar a polarização entre Tarso e Ana Amélia.
Os peemedebistas acreditam que a candidatura de Sartori também poderia atrair o PDT para a chapa. Com mais de 70% de aprovação em Caxias do Sul, ele chegou a ser pressionado para indicar um peemedebista para sua sucessão. Porém, cumpriu um antigo acordo e chancelou a vitória de Alceu Barbosa Velho (PDT), com Antonio Feldmann (PMDB) de vice. O PMDB também apoiou o trunfo de José Fortunati em Porto Alegre, a maior conquista do PDT.
— Sartori é um nome muito forte e inatacável. Já larga muito bem na Serra, onde existe uma tradição de eleger governadores. O que ele precisa é começar a correr o Estado — avalia o deputado federal Osmar Terra (PMDB).
Contudo, caracterizado como "receoso" e uma "esfinge" por correligionários, Sartori deixa o partido em alerta pela possibilidade de declinar da missão. Neste caso, o número dois da fila é o ex-governador Germano Rigotto.
Como um curinga, Rigotto está cotado para concorrer tanto ao Piratini quanto ao Senado. José Fogaça surge como alternativa à Câmara dos Deputados. Peemedebistas avaliam que a eloquente derrota sofrida em 2010, na disputa com Tarso pelo Piratini, requer reabilitação política. E ela viria com uma eleição certa ao cargo de deputado federal.
Depois de registrar boas votações em 2012 em todo o país, o PSOL deverá entrar mais maduro na disputa ao Piratini em 2014. Apesar de a chance de vitória ser pequena, trata-se de um partido que, aos poucos, vai herdando votos da esquerda desiludida com o PT.
É uma sigla que consegue constranger as demais, apontando incoerências e cobrando decência. Candidato mais votado na disputa à Câmara de Porto Alegre, com 14.610 votos, o experiente vereador Pedro Ruas deve ser o nome do PSOL para o Piratini.
Pedetistas avaliam três cenários
Amargando dissabores desde o final do governo Alceu Collares, em 1994, o PDT foi novamente alçado a um patamar superior com as vitórias em Porto Alegre e Caxias do Sul. A sigla pulou de 65 para 70 prefeituras e somou 1,2 milhão de votos em seus candidatos majoritários, perdendo apenas para o PT. Resultado: o PDT se tornou a noiva da disputa pelo Piratini em 2014.
Além de ser cortejado por Tarso, o PDT também será assediado pelo PMDB, cujos líderes acreditam ter chances de atrair os trabalhistas justamente pelas parcerias vitoriosas construídas por ambos em Porto Alegre e Caxias.
O PDT abriu as discussões sobre o futuro. Um dia após o pleito, o presidente estadual da legenda, Romildo Bolzan Jr., convocou reunião da executiva. Na ocasião, afirmou que existem três caminhos: candidatura própria, alinhamento com PT ou com PMDB. Após o segundo turno, o diretório discutirá o futuro.
Nos bastidores, os pedetistas não escondem a satisfação com as parcerias com o PMDB. No entanto, há um grupo que trabalha pela indicação de Afonso Motta, secretário do Gabinete dos Prefeitos, ao posto de vice na chapa de Tarso.
Como o partido está fortalecido, uma fatia das lideranças passou a defender a candidatura própria. Se não tiver bons resultados, ao menos a chapa servirá para apresentar uma proposta para o Estado, pavimentando o caminho para Fortunati em 2018. Em encontros reservados, o ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi já indicou que, neste caso, o representante pedetista na corrida ao Piratini deverá ser o deputado federal Vieira da Cunha.

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