sábado, 13 de outubro de 2012

No Rio Grande do Sul, mulheres comandarão apenas 7% das prefeituras


Percentual de prefeitas eleitas no RS é uma das piores do país e fica abaixo da média nacional, de 12% de presença feminina!!!


Nem mesmo a ascensão da primeira presidente da história do Brasil alterou a tímida participação feminina nas eleições. No Rio Grande do Sul, terra que Dilma Rousseff adotou como casa, apenas 7% dos municípios terão mulheres como mandatárias. 

No ranking nacional, percentualmente, o RS só ganha do Acre, que não elegeu nenhuma mulher. Neste ano, os gaúchos elegeram 35 (contra 22 em 2008), mas, apesar do aumento, o poder delas ficará restrito a municípios com até 40 mil habitantes. No país, a média é de 12% de mulheres entre os eleitos.

Nas câmaras gaúchas, 14% das cadeiras serão ocupadas por mulheres, dois pontos percentuais a mais que em 2008. Para a cientista política e especialista em estudos sobre mulher e gênero Jussara Prá, a situação ainda está longe do ideal:

— Temos poucas mulheres na Assembleia, na Câmara, no Congresso. Precisamos combinar uma mudança de legislação, ampliando a participação feminina, com uma mudança de cultura. A reversão desse quadro passa essencialmente pela modificação das estruturas partidárias, que se assemelham a oligarquias e restringem o acesso das mulheres — avalia.

Outro aspecto que recebe críticas por parte da especialista é a forma de preenchimento da cota de 30%, prevista na legislação eleitoral para incluir mais mulheres no pleito:
— Vemos uma grande quantidade de laranjas, usadas somente para cumprir cota. É preciso qualificar as candidaturas femininas com pessoas preparadas — finaliza.

Do pó de giz aos gabinetes: mais da metade das prefeitas são professoras
Mais da metade das prefeitas eleitas no Estado tem carreira no magistério. A partir do dia 1º de janeiro de 2013, 21 das 35 escolhidas trocarão as salas de aula pelos gabinetes das prefeituras. O dado revela o crescimento do interesse das professoras pela política no Estado. 

Eleita em Júlio de Castilhos, a professora Vera Maria Schornes Dalcin (PSDB) acredita que a proximidade com os alunos e a comunidade aumenta a credibilidade dos docentes e facilita as candidaturas:

— A professora acaba sendo uma segunda mãe. A nossa formação no magistério é voltada para isso, para um contato direto, com carinho e atenção aos alunos, pais e todos que se envolvem na educação. É a profissão que mais se aproxima das pessoas. Com certeza a minha experiência enquanto professora me ajudou na política. O professor sempre é referência dentro de uma comunidade — avalia a futura prefeita, que já foi vereadora e atualmente ocupa o cargo de vice-prefeita.

Além das professoras, as ocupações mais comuns entre as eleitas inclui enfermeiras, servidoras públicas, agricultoras e empresárias. 

A escolaridade predominante mostra que as mulheres escolhidas possuem mais qualificação na formação, na comparação com a média dos eleitos no Estado. Das 35, 21 têm ensino superior completo, ou seja, 60%. O percentual é maior que a média gaúcha dos eleitos, que tem 48% dos prefeitos com graduação concluída.

"O funil está nos partidos"
Especialista em pesquisas sociais e estudos populacionais, o professor José Eustáquio Diniz Alves prevê que, no ritmo atual, a participação feminina na política brasileira somente será semelhante a dos homens daqui a um século e meio. A síntese:

Zero Hora - Qual é a sua avaliação sobre o aumento do número de prefeitas no Brasil?

Alves - É muito pouco. Neste ritmo, só teremos paridade entre homens e mulheres em 148 aos. Percentualmente, temos menos representantes femininas que Iraque e Afeganistão.

ZH - O eleitorado brasileiro discrimina as mulheres?

Alves - Não. Nas eleições de 2010, tivemos nove candidatos à Presidência e duas mulheres obtiveram mais de dois terços dos votos. A hipótese de que o eleitorado discrimina as mulheres é totalmente equivocada.

ZH - Por que o crescimento da participação feminina é tímido?

Alves - O funil está nos partidos. A Marina Silva teve quase 20 milhões de votos, coisa que podemos contar nos dedos quantos candidatos já conseguiram, e, mesmo assim, quase foi expulsa do PV. Os partidos são controlados por homens e eles resistem em abrir espaço para as mulheres.
Fonte :  ZERO HORA

    Nenhum comentário:

    Postar um comentário