sexta-feira, 21 de março de 2014

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Nesta quinta-feira, duas ciclistas morreram atropeladas por ônibus na Capital

Morte de jovens mostra a vulnerabilidade dos ciclistas nas ruas de Porto Alegre Bruno Alencastro/Agencia RBS
Meio de transporte tem conjunto de fatores a superar para ocupar o seu devido espaçoFoto: Bruno Alencastro / Agencia RBS
O trânsito de Porto Alegre deixou nesta quinta-feira duas ciclistas mortas em um intervalo de oito horas e escancarou a vulnerabilidade a que estão sujeitos os adeptos das pedaladas como forma de locomoção. As duas eram universitárias. As duas perderam a vida ao serem atingidas por ônibus.

Os acidentes vieram em um momento de valorização da bicicleta como meio de transporte em um ambiente hostil. As bicicletas ganharam as ruas, mas as ruas ainda precisam aprender a conviver com elas.

Cicloativistas e profissionais de educação para o trânsito identificam que há um conjunto de fatores a superar para que a bicicleta ocupe o espaço que lhe é devido:

Ignorância da legislação – O Código de Trânsito diz que a bicicleta é uma participante, não uma intrusa nas vias. Quando não houver ciclovia ou ciclofaixa, seu lugar é no leito da rua, com tantos direitos quanto os automóveis – e até mais. Parte dos motoristas ainda não absorveu o conceito.

Cultura do automóvel – Willian Cruz, editor do site Vá de Bike, diz que um dos principais ritos de passagem para a idade adulta é obter a carteira de habilitação: 

– Quem não tem carro costuma ser visto como cidadão de segunda classe.

Formação insuficiente – Em alguns países, como Dinamarca e Holanda, as crianças aprendem na escola a se colocar no lugar de motoristas, ciclistas e pedestres. No Brasil, a educação para o trânsito acaba ficando para a hora de tirar a CNH. Há dúvidas sobre a eficácia disso.

– A maioria dos centros de formação são cursinhos para passar no exame do 
Detran – critica Willian Cruz. 

Agressividade contra o ciclista – Parte dos condutores acredita que a bicicleta é um estorvo na rua e trata de intimidar o ciclista – tiram um “fino”, em lugar de respeitar a distância de 1m50cm.

– A questão é o egoísmo, o individualismo, a falta de consciência cidadã – diz Maximilian da Rocha Gomes, chefe substituto da Divisão de Educação do Detran/RS.
Necessidade de fiscalização – Os agentes de trânsito de São Paulo apertaram a fiscalização sobre motoristas que desrespeitavam o ciclista. Milhares de multas foram aplicadas. Para cicloativistas, a pressão deu resultado. Motoristas entenderam que a bicicleta tem direitos e passaram a respeitá-los mais.

Cidades pensadas para carros – Os sistemas viários não são projetados para ciclistas ou pedestres. Essa característica colabora para que o condutor assuma uma postura de superioridade. É verdade que faltam ciclovias e ciclofaixas, mas construí-las não é o antídoto. Apostar apenas nessas vias exclusivas pode passar a mensagem de que o lugar da bicicletas é nelas – quando o ciclista deve ter seu espaço respeitado em qualquer via.

Invisibilidade do ciclista – A correlação que ainda se faz entre bicicleta e insucesso econômico leva a uma invisibilidade do ciclista no trânsito, diz Cruz. Maximilian não crê que haja essa invisibilidade:

– O problema é que ele não é aceito como partícipe do trânsito. O motorista acha que tem prioridade.

Desinformação do ciclista – O usuário de bicicleta tem uma parcela considerável de responsabilidade pelos riscos a que está sujeito. É comum que não conheça nem seus direitos, nem seus deveres. Uma das causas para isso é que pode sair às ruas sem fazer qualquer tipo de formação. O resultado é circular sem equipamentos de segurança e sem respeitar as regras.

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