sábado, 4 de maio de 2013

Operação da Polícia Federal no RS, deixa em alerta donos de imóveis



Clientes que investiram em empreendimentos investigados na Concutare podem enfrentar transtornos
Polícia Federal mantém em sigilo os empreendimentos com suspeita de fraude nas licenças.Gabriela Di Bella/Metro PoA
Passado o impacto inicial da prisão de autoridades municipais e estaduais envolvidas em um suposto escândalo de fraude em licenças ambientais, quem investiu em empreendimentos na capital, região metropolitana e litoral norte pode começar a questionar se o seu não é um dos 30 ou 40 licenciados de forma suspeita.

Até agora, a investigação da Polícia Federal é sigilosa. Não se sabe se licenças foram simplesmente agilizadas mediante suborno ou se áreas protegidas foram liberadas ilegalmente. De acordo com o coordenador institucional do Procon de Porto Alegre, Roberval Ferreira de Barros, neste primeiro momento os consumidores nada podem fazer a não ser esperar. Quando divulgados os negócios irregulares, eles poderão então voltar os olhos para o Estado e o município, que, por meio desses agentes o públicos, liberaram as obras e terá de assumir a sua responsabilidade.

“Agora é aguardar para ver quais empreendimentos podem ter problemas. Mas, ao mesmo tempo que for dado o problema, será dada a solução. Tem muita gente séria, honesta, que comprou esses terrenos. E o Estado é responsável pelos seus atos”, alerta.

Em tese, caso o consumidor tenha investido em uma obra liberada por meio de fraude, e por isso venha a ter problemas, poderá ser indenizado. A maioria dos empreendimentos já construídos de forma irregular, segundo o especialista, acaba sofrendo apenas medidas de compensação ambiental.

Se for constatado algum dano à natureza em razão das fraudes, o mais provável é que sejam estabelecidas medidas de compensação, como o replantio de árvores. A hipótese de demolição dos prédios é remota.

Caso os consumidores sejam afetados, Barros afirma que a responsabilidade pelo ressarcimento será dos empresários. O especialista adianta que os consumidores não poderão sofrer prejuízos, já que a responsabilidade pela fiscalização das normas é do poder público. “Pode acontecer de um licenciamento irregular ter um prejuízo ambiental muito grande. Aí as pessoas que compraram terão envolvimento direto porque afetará diretamente a vida delas”, avisa Barros. Ele esclarece, porém, que se a obra foi autorizada pelo poder público, o consumidor não tem culpa alguma. “Se o próprio Estado deu documento, agora não poderá punir. O gestor que está lá foi colocado pelo Estado e ele responde pela atitude dos seus agentes”, esclarece.

A investigação da Polícia Federal surpreendeu segunda-feira ao noticiar uma rede de corrupção que facilitava a obtenção de licenças ambientais em território gaúcho, em troca de propinas de até R$ 50 mil. Empresários pagavam propinas “que iam de presentes a milhares de reais” para a obtenção de licenças para empreendimentos imobiliários e atividades de mineração no Guaíba.

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