domingo, 21 de outubro de 2012

PEDALANDO PELA VIDA Marcelo Sgarbossa.



20 de outubro de 2012

Foto: Jean Schwartz

Foi graças à bicicleta _ e às redes sociais _ que Marcelo Sgarbossa, 37 anos, conquistou o mandato de vereador em Porto Alegre com 5.723 votos. Na campanha, não se viu um cartaz sequer com sua foto. Em compensação, era impossível não ver as bicicletas vermelhas _ símbolo da Olimpíada de Pequim _ recortadas em MDF com o nome o número de Sgarbossa. Fez a campanha com menos de R$ 70 mil.
No começo da campanha, eram 40 esqueletos de bicicletas. Trinta sumiram das ruas, levados por simpatizantes ou por adversários. Fez mais 80, dos quais restaram 50.
Com ajuda dos amigos e de meia dúzia de auxiliares pagos por dia, Marcelo fez quase toda a campanha pedalando. Mas, diferentemente do que muita gente imagina, não é do tipo de ciclista que abomina carros. Tem um Fox, no qual instalou um rack para transportar o material de campanha. Só mais tarde o pai, que mora em Lagoa Vermelha, providenciou uma velha Saveiro para carregar as peças que serão guardadas para uso futuro.
Antes de estudar Direito, Marcelo morou cinco anos na Itália, como ciclista profissional. Na Europa, encantou-se com as ciclovias e com as políticas de estímulo ao uso da bicicleta. Depois de formado, retornou à Itália para fazer mestrado em Análise de Políticas Públicas na Universidade de Turim, orientado por Luigi Bobbio, filho de Norberto Bobbio.
Pai de Sara, de dois anos e meio, Marcelo é vegetariano. Diz que não come carne por questões éticas. A filha já pedala um triciclo e anda na cadeirinha, de carona com o pai. Quando precisa escolher entre andar de bicicleta com o pai ou de carro com a mãe, não hesita: escolhe a bicicleta. Pelo menos é o que ele conta.
Está fazendo doutorado com foco em democracia deliberativa, dá aulas na Fargs e,. graças à eleição não precisará voltar para o trabalho que tinha antes da campanha, de corregedor-geral da Susepe.
O novo vereador vai dedicar o mandato a buscar soluções para tornar a cidade mais agradável para as pessoas. Isso inclui, naturalmente, a luta por ciclovias e por transporte coletivo de qualidade. Crítico do modelo de ciclovia adotado pela prefeitura, reclama  que os usuários não são ouvidos.
_ Ciclovia tem de ser feita junto ao meio fio. Para isso, é preciso abrir mão do estacionamento na via _ sustenta.

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