quinta-feira, 14 de junho de 2012

Embargo russo faz exportação de carne suína gaúcha cair 20%


Ao completar um ano de embargo da Rússia à importação de carne suína, o Rio Grande do Sul contabiliza a redução total de 16% do volume exportado e cerca de 20% do faturamento — na comparação dos cinco primeiros meses deste ano com igual período de 2011, houve queda de R$ 67,4 milhões nas vendas.
Quase 70% da produção suína do Estado abastecia o mercado russo, o que forçou os produtores a buscar novos compradores.
Na lista de alternativas para a exportação da carne suína gaúcha, destaca-se a Ucrânia. Conforme dados do Departamento de Promoção Internacional do Agronegócio, do Ministério da Agricultura, as vendas à Ucrânia em abril deste ano cresceram 607% em quantidade (por quilo), mas o preço médio teve redução de 13%.
— Hoje, o produtor está ganhando menos do que o preço de custo. O quilo do suíno está sendo vendido por cerca de R$ 1,80 no Estado, e o custo é de R$ 2,60. Precisamos controlar a oferta nacional antes de criar expectativas de buscar novos mercados internacionais — diz o presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Luis Folador.
Apesar de o Ministério da Agricultura alertar que técnicos russos devem vir ao Brasil, no próximo mês, para reavaliar a situação de embargo no Estado, o diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Estado do Rio Grande do Sul (Sips), Rogério Kerber, aponta a necessidade de pensar alternativas para escoar a mercadoria. Kerber aponta, ainda, que no mercado nacional a carne gaúcha também acaba sendo prejudicada, restando poucas opções de venda.
— Além de demorar para conquistar mercados internacionais, temos a desvantagem de localização no mercado nacional. O Estado está longe dos principais centros consumidores de suínos, como São Paulo e Rio de Janeiro, e mais distante ainda daqueles que produzem pouco e poderiam consumir o nosso, como as regiões Norte e Nordeste — explica.
Na tentativa de diminuir prejuízos, representantes de associações de produtores se reuniram esta semana com o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho. Entre as demandas prioritárias que foram levadas a Brasília, o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes, destacou a necessidade de prorrogação dos vencimentos das dívidas de custeio e investimento dos suinocultores, o aumento dos limites de crédito para retenção de matrizes para o valor de R$ 500 por matriz, até o limite de R$ 2 milhões por produtor, e a inclusão da carne suína na Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM).
— Há 18 meses os suinocultores estão arcando com prejuízos. A situação está insustentável. Além do baixo preço da carne, somam-se os altos preços de insumos, como o milho, resultado da seca que prejudicou a criação no Estado — lamenta Lopes.
Mendes garantiu a criação de uma comissão de crise para analisar o caso dos produtores gaúchos e oferecer uma resposta a essa situação até o dia 27 de junho, quando o grupo vai se reunir novamente.

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