quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Refém que sobreviveu a sequestro em Gravataí nega troca de tiros

2011 00h19 - Atualizado em 23/12/2011 07h54

Empresário paranaense disse à Corregedoria que tiros partiram da polícia.
Ação das policias paranaense e gaúcha resultou na morte de duas pessoas.

Do G1 RS



O refém libertado durante a ação trágica das policias Civil gaúcha e paranaense em Gravataí, na Região Metropolitana de Porto Alegre, prestou depoimento nesta quinta-feira (22) na Corregedoria Geral de Polícia. E disse o que o Ministério Público e a própria corregedoria já suspeitavam: os disparos que atingiram e mataram o outro refém teriam partido da própria polícia.

“Segundo a vítima, os sequestradores estavam armados. Porém, não teriam efetuado disparos”, afirmou o delegado titular da Corregedoria Geral de Polícia, Paulo Rogério Grillo, que comanda as investigações.

De acordo com o depoimento do fazendeiro e empresário paranaense de 36 anos, ele e outro refém seriam libertados pelos sequestradores no momento em que o veículo dos bandidos foi alvejado pela polícia. O incidente ocorreu em uma casa usada como cativeiro no centro de Gravataí. Durante a tentativa de resgate, um outro fazendeiro nascido no Rio Grande do Sul mas radicado há anos em Quatro Pontes (PR) foi baleado e morreu no local.

Nesta quinta-feira, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Rio Grande do Sul afastou das investigações os dois delegados de Gravataí envolvidos no cerco ao cativeiro. No fim da tarde, a Corregedoria da Polícia Civil gaúcha abriu quatro inquéritos para investigar o caso: um para apurar a morte do refém, outro para investigar o desfecho do sequestro, um terceiro sobre a morte de um sargento da Brigada Militar por policiais civis paranaenses e, por fim, porque esses mesmos agentes foram liberados pela Polícia.
Refém foi morto durante abordagem a sequestradores em Gravataí, no RS (Foto: Reprodução/RBS TV)

Entenda o caso
- O sargento Ariel da Silva, 40 anos, foi morto a tiros por volta de 1h30min da madrugada por policiais civis do Paraná que investigavam um caso de sequestro no Rio Grande do Sul. Silva estava em sua moto indo visitar o pai doente quando avistou o carro com os três integrantes do Grupo Tigre, unidade de elite da polícia do PR. De acordo com depoimento dos policiais, Silva abordou o carro armado e disparou primeiro. Os policiais paranaenses reagiram e mataram o sargento. Ao perceber a identidade da vítima, acionaram socorro.

- A assessoria de imprensa da Polícia Civil do Paraná informou ao G1 que o contato com as autoridades do Rio Grande do Sul seria feito na manhã de quarta-feira (21) por outra equipe que se deslocava ao estado para o mesmo caso. O chefe de polícia do Rio Grande do Sul, delegado Ranolfo Vieira Junior, confirmou que não havia sido avisado.

- Os três policiais paranaenses prestaram depoimento em Gravataí e foram liberados. Horas depois, a Justiça decretou a prisão dos agentes, quando eles já estavam em deslocamento para Curitiba. Segundo o promotor André Luís Dal Molin Flores, eles não teriam apresentado argumentos convincentes sobre o episódio.

- A Polícia Civil paranaense emitiu uma nota lamentando o fato. O texto afirmava que as investigações prosseguem, mas que os três envolvidos no crime foram afastados por apresentarem "condições psicológicas abaladas".

- Outra equipe do Grupo Tigre veio ao Rio Grande do Sul. No início da tarde de quarta (21), policiais civis de Gravataí, com base informações repassadas por esses agentes, faziam buscas na cidade na tentativa de libertar os dois empresários que eram mantidos reféns. Ao encontrarem o cativeiro, os policiais flagararam os sequestradores saindo da casa e houve tiroteio. Um dos reféns foi morto. Em um primeiro momento, a polícia de Gravataí confirmou a participação de agentes paranaenses nesta ação.

- No início da noite, o delegado Leonel Carivali, da 1ª Delegacia Regional Metropolitana, disse em entrevista coletiva que a ação que resultou na morte de um empresário foi comandada por policiais gaúchos e não teve a participação direta dos agentes paranaenses.

- Os reféns vieram de Quatro Pontes (PR) ao Rio Grande do Sul atraídos por uma oferta falsa de venda de uma máquina agrícola com preço bem abaixo do mercado. De acordo com a polícia, quando chegaram a Porto Alegre, foram rendidos por uma quadrilha de sequestradores formada por gaúchos e paranaenses.

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